A minha avó é a melhor avó do mundo. Ela nunca foi aquela típica vovozinha que fazia quitutes. Não era frágil, era forte. Minha avó era uma mulher incrível, ela trabalhou como assistente social quando jovem e chegou a ganhar mais que meu avô. Ela era "motorizada" e guiou até pouco tempo um Landau. Ela fazia as pessoas na rua virarem o pescoço para vê-la.
Viajávamos de Landau, e no caminho, contávamos quem via mais vaquinhas. Minha avó assistia Corujão comigo. Me levava para comer cachorro quente prensado no "O Comilão". Ela adorava o cinema. Minha avó me ensinou a tricotar, cuidou de mim quando tive febre, fez café com leite de madrugada. Minha avó não fazia quitutes, mas na sua casa comemos incontáveis e memoráveis pernis, lombos, feijoadas, torremos, arroz-dourado. No meu aniversário ela sempre lembrava de mandar fazer meu prato preferido.
Foi minha avó Helena, que carinhosamente apelidamos de Afa, quem plantou a mangueira que adoçou praticamente todas minhas férias de verão. Meu irmão e meus primos nos fartávamos de manga Ubá. Passávamos o mês entre a piscina e a magueira.
Essa avó incrível era cheia de energia, de opinião, de presença. Jogava tênis aos sessenta anos, e enquanto o país vibrava com o futebol, ela torcia pro Guga. A minha melhor avó do mundo me incentivava. Estava sempre por perto. E quando comecei a pintar, ela comprou quadros. Para enfeitar a casa dela e até presentear.
Da minha avó eu sempre enchi o peito pra falar. Meu exemplo. Minha xará.
Enquanto vários pais nem sabiam o que era internet, minha avó já usava o skype para falar com os netos. Ela e suas irmãs sempre foram minha referência de sábado, de união, presença, amizade e lealdade.
A minha avó era a melhor do mundo, e hoje, ela foi embora. E deixou saudade. E meu filho um dia vai ouvir as histórias da bisavó dele, Helena josephna Pimenta Campos Cortez, um Mulherão!