sábado, 28 de junho de 2008

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"FOLHA - Qual sua opinião sobre o sucesso de "Tropa de Elite", especialmente como contraponto a "Cidade de Deus"?
SCHWARZ - A novidade e a revelação de "Cidade de Deus" -mais o romance do que o filme- é o ponto de vista narrativo, interno à vida dos bandidos. Como esta é violentíssima e quase anônima, o leitor não se identifica com ela, embora a veja por dentro e fique estatelado. Também em "Tropa de Elite" o ponto de vista é interno, mas agora à ação da polícia. Estimulado pela farda, pela empatia com os atores, que são astros, e pela missão justiceira, o espectador pode se identificar à violência desvairada e aprovar inclusive a tortura. Ao que parece é o que aconteceu com boa parte do público.
É verdade também que o espectador sem queda para os prazeres sádicos pode encarar os heróis com distância horrorizada, como anti-heróis. Nesse caso, ele vê a polícia dividida entre a corrupção e o enlouquecimento, o que não é banal e não deixa de ser instrutivo.
Se estou bem lembrado, Eugênio Bucci observou que os bandidos de "Cidade de Deus" têm muito de empresários. Em "Tropa de Elite", dependendo do ângulo, os fanáticos da justiça vão mais longe que os piores malfeitores. São exemplos da desigualdade degradada, ou das afinidades de fundo entre os pólos sociais, pelas quais você perguntou."

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