segunda-feira, 20 de julho de 2009

O MUNDO ADULTO

Estou com 28 anos. Sou uma adulta agora? É difícil ser adulto.

É difícil ter que tomar decisões o tempo todo sem tantos conselhos e zêlo vindos de fora. Não nego, nem deixo de agradecer aos meus pais, eles me ajudam muito, não é sobre esse tipo de conselho que estou falando. É sobre o mundo adulto, a vida é minha, é o meu espaço que estou cavando.

No fim, sou eu e o mundo. É difícil não saber o que fazer, não saber o que mudar, por onde começar, mas ter certeza que as coisas não estão certas. Pensando bem, acho que nunca decidi nada na minha carreira. Segui pela maré, em coisas parecidas, me desiludi com algumas coisas, talvez com todas. Não gosto de publicidade. Gosto de revistas, é verdade. Mas não gosto do consumo por si só. Quero fazer algo pelo mundo, por mim, sentir que meu trabalho faz um mundo melhor, mas por onde começar?

Fazer as coisas mais bonitas é o suficiente num mundo onde estamos destruindo tudo? Eu sinto que deveria fazer coisas recicláveis, inteligentes, sustentáveis, mas ao mesmo tempo me sinto incapaz de começar isso do zero. Sinto a necessidade de uma parceria, de um professor, sócio ou colega. Um coletivo? Mas se o problema é a companhia, se eu começasse, certamente encontraria companhia. Me sinto perdida profissionalmente. Completamente perdida.

Talvez essa história da Abril tenha miado assim porque não é isso que quero. Tentei voltar para o conforto do conhecido, mas a vida me deu um golpe para me lembrar que não é tão fofo e quente assim. Sinto-me cansada, sem cabeça para o plano b – sendo que ele é o verdadeiro plano a. Por que não consigo simplesmente começar o que acredito? Igual começar uma dieta ou uma academia? Protelando? Reajo, me movimento, mas será o suficiente?

Será que a vida me deu esse golpe para me avisar que não adianta encostar e pensar em férias, aposentadoria?

É preciso mesmo tornar o trabalho uma coisa essencial, prazerosa, com significado. E ainda – ah, não podemos esquecer da pitada de sal do mundo adulto – e lucrativa. Pagar as contas para as empresas e para o país que colabora com essa vida selvagem e destrutiva? Cadê o tempo vago? A conversa com os amigos? O ócio criativo?

Preciso começar tudo denovo. Acho que sonhei com o Rafael outro dia por um simples motivo – mudar de rumo profissionalmente não é fácil. Mas é inevitável.

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